quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Aprendendo a aprender. Como estudar e memorizar conteúdos

Da dor à alegria. Como parar de boiar nas aulas de física e começar a entender a matéria.
Podemos considerar esta postagem a mais aguardada desde a criação deste pequeno blog. A pedido de muitos, a nossa equipe irá se debruçar sobre a seguinte questão: como um aluno pode se transformar em um estudante? Não entendeu a pergunta? Muito simples. Dentro da pedagogia, certamente o problema de nomenclatura é um deles, que é a confusão que fazemos ao considerar que um aluno seja um estudante, o que nem sempre é verdade. Nós acreditamos que essas duas palavras sejam sinônimas. Então veremos o real significado dessas palavras: aluno vem do latim, alummnus que significa lactante, aquele se encontra em fase de crescimento, sendo nutrido pelo seu mestre, é um discípulo do mesmo. Sendo assim, quem sabe você deve ter caído na gafe de acreditar que aluno significa ser sem luz, visto que teríamos o sufixo a- de negação ao radical -luno de -lumen, que significaria luz. Contudo vale ressaltar que tal etimologia não existe no latim, muito menos no grego.

E quanto ao termo estudante? Também do latim, studiosus, a palavra serve para se referir a uma pessoa que é dedicada, aquele que ama aprender. Tudo certo então. Conseguiu compreender a diferença entre as duas palavras? Seria isso mesmo, são palavras diferentes como pode ver. Se não percebeu, de um modo grosseiro podemos dizer que aluno é aquele que frequenta aulas em uma instituição de ensino, como uma escola ou faculdade. Já um estudante é aquele que faz o seu papel como aluno, de estudar o conteúdo que assistiu em sala de aula. E quantas e quantas vezes ouvimos dizer que devemos ir para escola para estudar? Isso está totalmente errado. Você não vai para escola para estudar, você vai para escola para assistir aula. Aula esta que você deverá estudar em casa, ou em um ambiente de estudo propício, como uma biblioteca. Esse erro de nomenclatura, essa confusão, é que é o grande problema do aprendizado, no qual tentaremos resolver nesse texto.
Ouvir as explicações do professor em sala de aula não é estudar, é assistir aula.
O estudo é uma atividades solitária e por tanto um ato individual de cada aluno.
Provavelmente estamos sendo um tanto quanto agressivos. Você pode sim aprender na escola. Mas seria muito pouco por assim dizer. E porque disso? Porque existe dois modos que o nosso cérebro trabalha, o passivo e o ativo. Quando vamos para aula, sentados em nossas carteiras, prestando atenção no que o professor nos fala, estamos apenas ouvindo o que o mesmo nos diz, e não exercitamos o que aprendemos. O exercício, que seria a parte de colocar a mão na prática, testar nossos conhecimentos, seria em casa, e é a partir do ponto que eu me exército que eu aprendo. Onde a mágica passa acontecer, a base do aprendizado. Deste modo o nosso objetivo será este, entre intercalar a teoria com a prática, de maneira cíclica. Já ouvimos diversa vezes que devemos estudar. Mas de fato, são poucas as vezes que nos ensinam como realmente aprender. Afinal. O que é aprender alguma coisa? Como eu possa estudar de uma maneira coerente e eficiente?

Aprenda a estudar de forma cíclica e como melhorar seus estudos

O que vamos propor aqui não é algo novo, muito menos mirabolante. Na verdade, são dicas simples que acreditamos que possa ajudar você. De que o alicerce de qualquer estudo deve estar fundada em um método. E que método seria esse? Algo parecido como o método científico. Você o conhece? A nossa proposta é que, o aluno deve estar consciente de suas ações, isso porque o que falarmos aqui pode não funcionar com todas as pessoas, visto que dada a diversidade individual, cada pessoa tende a aprende de um modo diferenciado. Sendo assim, porque não permitir que as pessoas testem diferentes metodologias e verifiquem aquela que melhor funcionar para si? Isso é o que pregamos, a autonomia do aluno, para que o mesmo possa ser de fato um estudante. Aquele que pode avaliar seus problemas com seriedade e achar melhor soluções para os mesmos, sempre que possível.
A importância da criação do hábito de estudo
através da criação de um ciclo continuo fechado.
Então. O que eu devo fazer para estudar? Vamos por partes. Para aprender um conteúdo novo precisamos antes de mais nada definir o que queremos aprender. Pegue uma disciplina qualquer de seu interesse e perceba que são muitas as coisas a serem vistas, ficando impossível aprender tudo de uma só vez, em um único dia. E o que deve ser feito para resolver isso? Simples. Pegamos todo o conteúdo que desejamos aprender, e distribuímos o mesmo no decorrer do tempo, semanas, meses, tudo depende do que será visto e de sua capacidade para absorve-lo. Feito a divisão, é preciso estabelecer uma meta de estudo diárias em horas para o conteúdo. Você deve montar um cronograma com o que estudar todos os dias, tarefas curtas do que deve ser feito, e assim você deve ir progredindo, até que todo o estudo da matéria esteja completo. Sempre validando seu progresso através da resolução de exercícios.

Fácil? Nem tanto. Existe alguns problemas no caminho. Aquilo que eu aprendo, também tem chance de ser perdido. Deste modo é preciso intercalar o aprendizado de novos conteúdos com o que já foi visto. E mais um detalhe, precisamos fazer um diagnóstico sempre que possível para verificar, que outros conteúdos eu preciso ter na cabeça para resolver os problemas que eu quero. Um caso muito comum são disciplinas do ramo da ciência, como química e principalmente física, onde o aluno até compreende os conceitos, mas devido a sua baixa habilidade com a matemática, o mesmo não consegue resolver o exercício por não saber operar com exponencias. Ou até mesmo falta de interpretação textual de linguagem, o português, onde o aluno não compreende o enunciado. Nesses caso, aconselhamos a procura dessa suplementação para que você não empaque na hora de resolver os exercícios ou fique sem entender algum assunto por uma deficiência que já deveria ter sido sanada.

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E como eu devo estudar? Você precisa intercalar entre estudo teórico, que seria a leitura do conteúdo, e o estudo prático, que seria a resolução de exercícios. Porque é o exercício que irá garantir se o seu aprendizado foi completo. Sendo assim, exercícios mais complicados demonstram um maior domínio da matéria. Aqui cabe mais um ponto: procure trabalhar com materiais, como livros e apostilas, de boa qualidade, mesmo que possam parecer mais difíceis, esses tendem a apresentar um conteúdo muito mais rico que irá ajudá-lo a compreender realmente a matéria, e não torna-lo um mero ser mecanizado para responder questões prontas. Um bom aluno deve ser capaz de relacionar diversos conteúdos para resolver problemas, que no caso serão os exercícios que você irá resolver ao longo do seu aprendizado, uma garantia, o ponto de verificação, para alertar aquilo que você tem dificuldade, permitindo que se dedique em pontos específicos a serem melhorados.

A diferença entre as matérias exatas das humanidades

Porque será que existe essa divisão boba entre matérias de humanas e exatas? Aqui vem o nosso parecer. Isso acontece porque existe duas formas de conteúdo de maneira geral: os fatos e os conceitos. Fato é todo dado puro sobre algum conhecimento, como exemplo, a data do descobrimento do Brasil pelos colonizadores Portugueses. Conceito são as relações entre fatos, uma relação entre o espaço pelo tempo é o que chamamos de velocidade, uma formula física que relaciona duas grandezas para gerar uma terceira. Como vimos em postagens anteriores. Perceba que, as matérias da parte das humanas teriam mais fatos a serem decorados, enquanto que as exatas apresentariam mais conceitos a serem memorizados. E é sobre isso que devemos ter cautela, pois são duas formas de conteúdos que devem ser aprendidas de forma diferenciada.

As humanas necessitam então de um pensamento amplo, variado e dinâmico. É preciso entender o contexto por de trás de uma guerra para compreender a mesma. Não basta decorar uma lista contendo os objetivos e fatos dos acontecimentos. E para a parte das exatas ocorre o contrário, precisamos ter um pensamento mais específico, linear, estático, para começar um problema e chegar até o fim do mesmo. Deste modo, pessoas que são boas em humans ou exatas apenas refletem como elas tendem a pensar a maior parte do tempo, seja de forma ampla ou de forma fechada. Para se ter um bom aprendizado, indicamos que se trabalhe com os dois modos em alternância. Onde o modo fechado vem quando nos concentramos em uma tarefa, focamos na mesma, e o amplo quando relaxamos e deixamos a nossa mente vagar e fazer conexões com assuntos longes e aparentemente sem semelhança.

Estudar pode se assemelhar ao exercitar físico.
Apesar de serem atividades parecidas. Elas não
apresentam muitos items em comum.
Sobre o procedimento de estudo. Podemos até mesmo fazer uma analogia com o processo de burnout, vindo do inglês, que seria o esgotamento da sua capacidade de absorção de material, onde você não irá conseguir aprender mais nada. Quando isso acontecer, você deve parar de estudar e descansar. Podemos comparar esse efeito com o que ocorre durante as atividades físicas. Digamos que um jovem garoto deseje conquista um corpo bacana na academia. No começo será algo muito tedioso e cansativo, ter que trabalhar a parte aeróbica e muscular. Mas conforme ele prossegue em seu objetivo, as atividades passam a ficar mais fáceis e prazerosas de serem feitas, e logo o mesmo estará passando para etapas cada vez mais avançadas e difíceis. Contudo há um ponto diferencial entre o estudo e o exercício físico, como veremos. Muitos acreditam também no mito que estudo bom é ficar durante oito horas seguidas sentado, debruçado sobre livros e mais livros. Não. Simplesmente não. Essa imagem está totalmente errada sobre o assunto. Isso porque, apesar do ser humano ser capaz de com tempo melhorar sua capacidade física, o mesmo não acontece com a atividade intelectual.

Porque isso acontece? Um pouco de neurociência pode nos ajudar. Existe duas memorias importantes, a de longo prazo, que podemos comparar com o disco rígido de um computador, onde guardamos nossas lembranças e experiências de vida, e a memória de curto prazo, que seria a nossa memória de trabalho, onde processamos as coisas do dia a dia, que comparada, se assemelharia a memória de acesso randômico do computador. O problema é que a memória de curto prazo, como o próprio nome diz, ela é curta, tanto em tamanho quanto em duração. Deste modo, para aprendemos com eficiência, devemos mover o conteúdo dessa memória de curto prazo para a de longo prazo, que é enorme e duradora. E como eu fazemos esse processo? Dormindo. Isso mesmo. Animais como o ser humano dormem porque precisam reestruturar o cérebro com as novas informações adquiridas no dia. Você não leu errado. É isso mesmo.

Como o cérebro se modifica para permitir o aprendizado

Um ciclo de sono dura cerca de 90 a 120 minutos em média. Em uma noite normal de sono de 8 horas, existem um total de 4 a 5 ciclos de sono. Alternados entre os estados de movimento rápido REM e não rápido dos olhos NREM. Todos nós sonhamos todas as noites, o que acontece é que grande parte das vezes não nos lembramos porque os hormônios que permite a memorização não estão em grande quantidade quando acordamos, fazendo com que esquecemos os mesmos. Sonhos são ruídos dessa mágica que acontece todas as vezes que nos deitamos, onde o cérebro passa a avaliar a memória de trabalho, procurando aquilo que deve ser armazenado na memória de longo prazo, e aquilo que deve ser descartado fora. É um processo incrível, porque o mesmo é dinâmico, é a estrutura cerebral, a ligação entre os neurônios que está se movimentando dento da sua cabeça durante o estado de sono.

Seu cérebro funciona como um emaranhado de caminhos. Quando nos colocamos a dormir, reforçamos ou enfraquecemos esses caminhos que ligam os diferentes neurônios contidos dentro na nossa cabeça. Algo muito comum entre estudantes é a falta de tempo para dormir um sono profundo ideal de 8 horas, sendo assim, o mesmo será obrigada a fazer mais revisões sobre o assunto, visto que uma pessoa que durma as 8 horas terá mais ciclos de sono disponíveis para que o cérebro consiga processar os dados que foram vistos no dia. Um ponto interessante é que as vezes acordamos cansados, e outras vezes acordamos muito eufóricos, o que acontece é o período de tempo que acordamos, a cada passagem de um ciclo, o nosso estado de dormeciam diminui e somos preparados para acordar, caso o corpo não veja a necessidade de o fazer, como ir ao banheiro, alertar sobre o frio, entre outros, o mesmo passa para o próximo ciclo. Se acordamos bem na hora mais profunda, durante a fase REM, onde estamos sonhando, em que o cérebro estará ligando e desligando ligações, acordaremos cansados, pois o mesmo não preparou o corpo para o despertar.
Durante a fase NREM o corpo regula hormônios como o do crescimento, fazendo a parte
de restauração de tecidos e crescimento muscular, entre outras funções. Durante a fase REM
  o corpo passa a fazer o processo de fixação do conteúdo visto durante o período de desperto.
Tendo conhecimento desse acontecimento, agora fica fácil entender e compreender o que deve ser feito. O nosso cérebro trabalha sempre por associações. Para que possamos memorizar um conteúdo novo, devemos pegar aquilo que já sabemos e tentar relacionar com aquilo que temos em nossa cabeça. É preciso também estar concentrado, para que distrações não venha importunar nesse processo. Isso porque existe duas maneiras de se pensar, o modo focado, que visualiza apenas um pedaço das coisas, seguindo uma linha de raciocínio lógica, e o modo difuso, que trabalha de modo de escaneamento, relacionando ideias de um modo emocional. Não há um modo certo ou errado. O que há são maneiras de diferentes que devem ser usadas nas situações que pedirem. Quando nos deparamos com um problema, e tentamos e tentamos, devemos nos soltar, relaxar um pouco, e permitir o modo difuso de pensar agir, para encontrar relações antes incomuns que podem levar a resolução do problema. Perceba então que o modo difuso e focado do cérebro se relaciona diretamente no modo amplo e fechado de aprendizado que vimos anteriormente que difere as matérias humans das exatas.

A importância da leitura no aprendizado

Comece de vagar. Você poderá ler Kant sim.
Mas se você não tiver uma boa base, você não
irá conseguir aproveitar o máximo que a obra
tem a oferece-lo. Pense nisso.
Comentamos a respeito da importância do material de qualidade. Agora veremos como usufruir do mesmo. É essencial o desenvolvimento do ato de leitura na vida de um estudante. Isso porque a leitura é um meio estático, onde a dinâmica do aprendizado será dita pelo estudante, que ao ler o conteúdo, irá fazer de seu modo, seja pulando parte que já sabe, ou perdendo mais tempo nas seções que se sentir com maior dificuldade. Diferente de uma aula explanatório ou um vídeo na internet, um livro consegue condensar muito mais informação, onde quem dita o que será visto é o leitor. Este é o ponto chave do porquê devemos ler. E então como podemos desenvolver o ato de leitura? Lendo. Não há escapatória. Mas faça como o nosso garoto da academia. Um degrau por vez. Não sai por aí louco para ler Kant ou Spivak que irá bater com a cara no chão e odiar o mundo. Comece degrau por degrau. Comece lendo coisas simples como um jornal, e depois leia coisas que sentir gosto por, como contos fantásticos. E só depois comece a ler grandes conteúdos.

Em um primeiro momento é preciso fazer com que leia. Isso porque uma pessoa que não tem o habito de leitura apresentará a mesma comprometida. Textos de difícil gramática e compreensão usam frase longas e requerem que o leitor se lembre do que leu nas seções anteriores. Uma pessoa que não está habituada irá simplesmente ler e esquecer o que leu. E não será, portanto, capaz de compreender a mensagem do autor. Sendo assim, quando começar o processo de leitura, se comprometa a prestar atenção nas palavras que lê. Faça uma leitura com seriedade, até que o processo passará a se tornar um ato muito mais mecanizado e facilitado. Sempre que possível tenha papel e lápis para fazer anotações sobre o texto. Quando o ator se referir a algum assunto, você não precisará voltar até o começo do livro, bastará visualizar rapidamente suas notas para se lembrar do que foi dito.

E tomado as notas. Você deverá resolver os exercícios propostos pelo livro. Caso não existir, deve procurar os mesmos em outros lugares, como a internet. E se mesmo assim não estiverem presentes, ou forem muito fracos, tende a criar os seus próprios. O que deve ser feito é atingir a meta de aprendizado que definimos inicialmente. E para avaliar se fomos capazes de atingi-la, devemos testar nossa capacidade com os exercícios. Comece resolvendo os mesmos com as notas que você tirou do livro, de tente com o passar dos dias remover essa muleta, até que consiga resolver os mesmos por conta própria. Não há outro jeito. Aprendizado é memorização, seja de fatos ou de conceitos, é repetição sistemática espaçada no tempo. Sendo assim, não há nada melhor do que uma repetição feita por exercícios, que permite, além de rever o conteúdo, verificar o quanto se sabe do mesmo, do que além de ler e reler o conteúdo, ou repetir o mesmo em voz alta.

Parece que terminamos a nossa postagem por aqui.
Segue abaixo alguns links interessantes para enriquecer o seu aprendizado (em inglês):

Não deixe também de ver o curso "Aprendendo a aprender"  do site Coursera (em português):
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